30 setembro, 2015

Um querido rei.

Admiro muito, muito mesmo quem consegue aturar o outro por mais de anos. Sério. Vocês devem ter uma força enorme dentro de vocês, uma paciência ilimitada, um desejo muito forte de viverem com o outro porque, olha, não é fácil. O outro à quem me refiro é o bendito cidadão de bem que ama se dizer melhor que qualquer outro ser humano.


Um querido rei. 
O que acha que o mundo gira ao redor de si mas não consegue procurar nada em uma geladeira sem antes perguntar à "dona da cozinha"; o que acha que quem está em casa tem a obrigação de colocar as benditas cervejas pra gelar porque ele vai chegar mais tarde; o que trabalha, chega em casa e acha que fez muita coisa sentando-se num sofá para assistir à novela; o que diz que é a vida quem ensina mas isola os filhos em casa com toque de recolher e se passar do horário apanha; o que acha que impõe muito respeito sendo que sempre apela para violência seja ela verbal ou física; o que diz que não precisa de ninguém para viver mas no primeiro problema com computador vem com a voz mansa pedindo ajuda; o que bate no peito dizendo que não sabe dialogar mas acha ruim quando é ignorado ou quando o deixam falando sozinho; o que só consegue opinar sobre a vida dos outros em assuntos que não possui a mínima moral para julgar; o que diz que é apegado à Deus mas não consegue respeitar ao próximo; o que só consegue ser educado, dizer "por favor" "obrigado" e "com licença" com aqueles que não convivem; o que trata como lixo quem não segue o padrão de vida dele; o que acha que ser pai tem prazo de validade, que depois dos 18 não é mais sua responsabilidade; o que caga regra na casa da mãe que nem mora no mesmo estado; o que se incomoda com relacionamentos baseados em amor porque, óbvio, ele nem sabe o que é isso; o que já previu meu futuro sem um casamento onde ele possa me levar ao altar porque, claro, eu faria muita questão dele ao meu lado em um momento como esse; o que toma cervejinha todos os dias, joga na loteria todos os dias mas o viciado safado é só o que usa maconha, crack, etc.; o que acha que só porque está tocando funk em um lugar cheio de adolescentes só pode ser um baile, onde todos são vagabundos porque, não sei, deveriam estar trabalhando às 23h em um sábado (??); o que não vive e quer que mais ninguém viva.

Aquele que a sociedade teima em achar que eu devo à ele amor, amizade, carinho e compreensão quando eu fui privada disso desde sempre.

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